Tudo no universo, incluindo-nos a nós seres humanos, é composto pelos 5 elementos: Espaço, ar, fogo, água e terra – Os Pancha Mahabhutas.
Estes elementos para além de combustíveis e ferramentas que permitem a nossa existência, são também parte dela, contituindo-nos de forma fisica e sutil. São a base da nossa conexão com tudo o que nos rodeia assim como guias na prática de Yoga, dentro e fora do tapete.
Na prática de Yoga movemo-nos do elemento grosso ao subtil, trabalhado e observando inicialmente as sensações no corpo, pensamentos e emoções, interpretando e dirigindo. E lentamente progredindo para o subtil, compreendendo, absorvendo e experienciando harmonia e plenitude da nossa prática.
1. Terra - Prithvi:
Todas as partes sólidas do nosso corpo são feitas de elementos, minerais, químicos, presentes na Terra. A nutrição que permite o nosso desenvolvimento e sobrevivencia é proveniente da Terra. Podemos visualizar o fluxo do elemento Terra dos campos e do solo para o nosso corpo e vice versa.
Terra é casa, é estabilidade, segurança e união. É a base e a força, nossa e de tudo o que nos rodeia. Terra é a sensação de enraizamento que nos leva à quietude e harmonia física e mental. É necessário o solo fértil para que a semente crie raízes, se desenvolva numa árvore e floresça.
Cultivar a terra na sua prática é:
- Estabelecer uma base, forte e estável. Enraizar ao longo da prática, criando tanto raízes físicas como mentais. Posturas de equilíbrio são um elemento importante neste foco.
- Manter consciência da posição e atitude, a árvore está enraizada e firme, mas baloiça com o vento de forma a não partir.
Yoga Sutra de Patanjali: sthira sukham asanam - Postura (āsana) [deve ser] estável (sthira) e confortável (sukha). Sthira, pode significar "firme, compacto, forte, firme, estático, resoluto e corajoso"; etimologicamente surge da raiz stha, que significa “ficar firme, ser firme, tomar uma posição”, Sukha significa "feliz, bom, alegre, agradável, fácil, agradável, gentil, suave e virtuoso". O significado literal é "bom espaço", das palavras raiz su (bom) e kha (espaço).
2. Água - Jala
A água compõe a maioria do nosso planeta. Os oceanos e rios, a água que permeia o solo, a chuva e as nuvens, a água dentro das plantas e animais.
Dentro de nós: Sentimos a saliva na boca, o muco, o pulso do sangue, o suor, a sensação de umidade na expiração, a pressão da urina na bexiga. Todo o líquido que permeia e envolve todas as células do corpo. Reconhecemos que toda a água do universo flui através de nós.
Associado a qualidades como fluidez, suavidade e adaptabilidade, o elemento água cura, acalma e nutre todos os níveis do nosso ser.
Conectar com o elemento água na nossa prática é:
- Trazer fluidez ao movimento, não apenas físico, mas mental, siga o seu curso e contorne as pedras no seu caminho. nas palavras de Bruce Lee “Be like water.” – seja como a água”.
- Ujjāyī Pranayama, semelhante ao som do oceano, permitindo tal como nos oceanos, rios, mares e ondas: força, ainda que com suavidade e fluidez.
3. Fogo - Tejas
O elemento Fogo é a energia física bruta do universo, desde a fusão nuclear no interior do sol às combustões químicas que acontecem a nível celular. Experienciar o calor do nosso corpo, o ar mais frio que respiramos em contraste com o calor do ar que deixa o corpo, sentir o coração a bombear, o fogo está sempre em movimento, dá-nos mobilidade, poder, calor, transformação e luz. Associado ao calor, força, paixão, transformação e digestão.
Assim como o fogo do nosso sistema digestivo (Agni) converte comida em energia, absorvendo o que precisa como combustível e eliminando o resto - O nosso fogo mental fornece purificação, cria uma visão que nos permite ver e se envolver com o que é importante e queimar o resto.
Acender o fogo na prática é:
- Activar os bandhas e mover a partir do centro, o fogo interno. Envolver os bandhas ajuda a manter o fogo aceso, e a canalizar a energia produzida
- Focar nas poses que utilizam e fortalecem os nossos músculos abdominais, conecta-nos com o nosso centro, estabiliza-nos e impulsiona-nos. O calor e energia criados é o resultado da ação, dedicação e foco colocado na prática.
- Técnicas respiratórios como Bhastrika ou Kapalabhati, produzindo fogo interno.
- Cure sua digestão e sua relação com a comida. Padrões alimentares não saudáveis e problemas digestivos desviam a nossa energia.
4.Ar - Vayu
Recebemos e damos este elemento a cada momento. Neste exato momento, o elemento Ar entra e sai do corpo enquanto inspiramos e expiramos. A respiração ocorre dentro e fora do nosso corpo, partilhando o ar com toda a vida que nos rodeia. O oxigênio é absorvido na corrente sanguínea, sendo levado às células para fornecer energia, e o dióxido de carbono é exalado, servindo de energia para a flora que nos rodeia.
Não há limite entre o ar interior e o ar exterior. Existe apenas um elemento Ar, e o que está dentro de nós é simplesmente emprestado por alguns momentos. Não podemos segurar o elemento Ar mais do que podemos segurar qualquer um dos outros. Na verdade, só podemos viver deixando ir.
Na prática de Yoga o elemento ar é:
- Consciência de cada respiração, unindo-nos com a vida que nos rodeia, e através de pranayamas energizando todas as células do nosso organismo, como o vento que transporta as sementes, vida pela terra.
- Meditação Prana: Inspiração nossa é uma expiração da árvore, e vice-versa, está tudo interligado. Ao inspirar cuido de mim, ao expirar cuido do outro.
5. Espaço - Akash
É um elemento complexo, pois não podemos vêr, tocar, nem dizer até onde se estende. Está apenas aqui, permitindo que tudo exista.
Precisamos de espaço no nosso corpo e mente, espaço para receber, criar e expandir.
Um ser humano é parte de um todo, chamado por nós de “Universo” - uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experiência a si mesmo, os seus pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto - uma espécie de ilusão ótica de sua consciência. - Einstein
Essa distinção básica - ou ilusão - de haver um mundo interior e um mundo externo é tão fundamental que raramente o questionamos. Esta prática dos seis elementos dá-nos a oportunidade de questionar essa suposição.
Criar espaço na prática de Yoga é:
- Estar presente e consciente: seja um pensamento, uma emoção ou qualquer forma de tensão - e deixá-lo ir. Focando apenas no momento presente, conectado e unido com toda a vida. - Os drishtis funcionarão como uma ancora, ajudando-nos e guiando-nos ao longo da prática.
Abertura, compaixão e união. O mundo está mais vivo. Estou menos apegado à minha forma física e meu senso de identificação expandiu-se para fora; tudo o que já passou pelo meu corpo - a matéria sólida, o ar, a água e a energia - está agora “lá fora” na forma de campos, nuvens, florestas e solo. De certa forma essas coisas são `eu´. E porque este mesmo corpo é feito dessas mesmas coisas, eu sou `eles´. Uma sensação de interconexão surge, Não somos algo separado e pequeno, mas uma parte íntima do vasto ciclo dos elementos.
Leonor Feron Buzaglo
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